Sobre as emoções

Sobre as emoções

As emoções fazem parte da nossa condição de estarmos vivos. Sentimos e expressamos nossas emoções a todo momento. Elas podem surgir diante de um evento ou situação que nos afete (como um término de relacionamento, uma conquista ou uma injustiça) ou mesmo por simples pensamentos que podem transitar em nossas cabeças (“Ah eu não deveria ter dito aquilo” ou “Estou me sentindo desrespeitado”).

Muitas vezes confundimos os sentimentos com os comportamentos que emitimos ao estarmos tomados por uma certa emoção. Então, se em um momento de raiva (emoção) uma pessoa grita (comportamento) com outra, logo poderá se arrepender e dizer: “não posso sentir mais raiva!”. Este é um grande engano que todos nós cometemos, pois são os comportamentos – não as emoções – que podem ser modificados. Mas isso, em partes, não é de nossa total responsabilidade. Aprendemos isso desde a infância, a partir do modelo de educação que recebemos dos nossos pais. A educação emocional é algo muito novo em nossa sociedade e com o tempo poderemos esperar modelos de educação mais conscientes, que levam em consideração a importância das emoções e o modo como devemos lidar com elas.

O modo como geralmente fomos ensinados, considera que certas emoções são “positivas” e outras são “negativas”. Quando atribuímos valor às nossas emoções, ou seja, quando as julgamos como “boas” ou “más”, passamos a criar formas para evitar os sentimentos tidos como “negativos” e perseguimos e valorizamos somente aqueles ditos “positivos”.

Entretanto, todas as emoções possuem um significado importante. Leahy (2013) afirma que as emoções nos alertam sobre “nossas necessidades, nossas frustrações e nossos direitos”. Elas estão presentes nas nossas tomadas de decisões (por mais racional que sua decisão seja), nos sinalizam quando uma situação é difícil de lidar e somos compelidos a fugir (como, por exemplo, o medo e a ansiedade no contexto de um assalto) e, nos mostram quando somos gratos, realizados e satisfeitos por algo. Ou seja, as emoções não são boas, nem más, elas simplesmente são.

Algumas pessoas podem apresentar maior sensibilidade e manifestar suas emoções de maneira mais intensa. Na medida em que a intensidade leva a prejuízos nas diferentes áreas da vida e se torna uma resposta padronizada da pessoa, isso pode ser um fator de predisposição a dificuldades futuras ou até mesmo a sinalização de que haja um transtorno psicológico se manifestando. É importante lembrar que as emoções intensas não são prejudiciais somente quando expressas “para fora” da pessoa, quando ela tenta – sem sucesso – suprimir suas emoções (ou seja, tenta guardá-las para si), isso também trás complicações importantes, como reações físicas (taquicardia, insônia, aumento do stress, etc).

A terapia é uma grande aliada auxiliando as pessoas na identificação, nomeação, reconhecimento das emoções quando elas são adaptativas (adequadas ao contexto) ou desadaptativas (inadequadas, levando a sofrimento) e na criação de estratégias para lidar melhor com as emoções, principalmente quando elas surgem intensamente, trazendo limitações na vida das pessoas. Neste sentido, a Terapia Cognitivo-Comportamental, possui uma série de técnicas e recursos para dar suporte no processo de autoconhecimento de cada pessoa.

No próximo post, vamos falar sobre o momento em que as emoções são mais intensas e qual a relação delas com os transtornos psicológicos. Até lá!