O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?
1. História da Terapia Cognitivo-Comportamental
A Terapia Cognitivo-Comportamental – também chamada de TCC – é uma modalidade de tratamento psicológico criada na década de 1970 por Aaron T. Beck (1921-2021).
Sob influência da psicanálise, Beck buscava confirmar a hipótese de que pacientes depressivos apresentavam uma hostilidade sobre eles mesmos e que possuíam habilidade para lidar com o seu problema. Na prática com seus pacientes, Beck não conseguiu identificar esta hipótese, mas verificou que eles apresentavam padrões distorcidos de pensamentos o que levou ao desenvolvimento de uma nova teoria para explicar a depressão.
Diferentemente de outros teóricos da Psicologia, Beck se propôs a testar suas hipóteses levando a TCC a alcançar o status de um tratamento baseado em evidências científicas. Em 1977, por meio de um Ensaio Clínico Randomizado demonstrou que a TCC mostrava-se mais eficaz que o tratamento medicamentoso para a depressão.
A partir destes resultados, passou-se a realizar novos estudos e a testar o modelo terapêutico da TCC para outros transtornos mentais, como Ansiedade, Esquizofrênia, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Fobias, etc. Com o tempo, a TCC passou a abordagem psicológica com maior comprovação científica de tratamento eficaz para a maioria dos transtornos psicológicos
2. O Modelo Teórico
A TCC parte da ideia de que não são os fatos em si, mas sim a interpretação dos fatos que nos geram sofrimento. Esta interpretação é feita por meio dos nossos pensamentos, ideias e imagens mentais. Estes conteúdos mentais são chamados de cognição e muitas vezes eles não estão acessíveis à nossa consciência, ou seja, muitas vezes não identificamos estes pensamentos pela reflexão.
As cognições podem ser positivas ou negativas e se dirigem à nós mesmos, às pessoas e ao mundo e ao futuro. Quando as crenças são muito negativas e generalizantes, elas geram sofrimento.
No modelo proposto pela TCC, consideramos 3 níveis de cognições. Vamos considerar o exemplo de um adolescente que se sente muito ansioso sempre que vai fazer uma prova. Basicamente, podemos imaginar que ele terá os seguintes níveis de cognição:
- Pensamentos Automáticos – “Esta prova será muito difícil”
- Crenças intermediárias (também chamados de “pressupostos” ou regras) – “Se eu for mal na prova, então serei um inútil”, “Tenho que ir bem”, “Não devo falhar”.
- Crenças nucleares – “Sou incompetente”
Na TCC consideramos que esta rigidez de crenças pode contribuir para o surgimento de transtornos mentais e para a sua manutenção.
Por isso, o trabalho da terapia pela TCC é buscar flexibilizar estas crenças e ajudar o cliente a buscar uma visão mais realista e menos distorcida para redução do seu sofrimento. Lembrando que as crenças não serão eliminadas por completo, mas sim reduzidas em seu grau de influência negativa e estimular crenças positivas (e reais) sobre as situações que vivemos.